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domingo, 22 de julho de 2012

Comercialização da Violência e o fenômeno da Erotização

Que bela madrugada, meu amigo.

Acabo de assistir Gabriela Cravo Canela, longa dirigido por Bruno Barreto de 1983, com Marcello Mastroianni e Sônia Braga, evidentemente, inspirado na obra de Jorge Amado.

Primeiro ponto: nunca li o romance até então, e pouco assisti da última telenovela da Rede Globo, Gabriela, protagonizado por Juliana Paes. Tomei conhecimento também de outras duas outras versões, uma de 1960, transmitida pela extinta Tv Tupi e outra em 1975, transmitida pela Tv Globo, cuja personagem Gabriela é também vivida pela Sônia Braga.

Pois bem, além da trilha sonora e da fotografia que admiro, o filme provocou-me uma velha discussão que já tive o prazer de tecer com alguns amigos e colegas. O problema da erotização do mercado, e da força econômica da violência e da nudez.

Em certo momento, no bar, alguém diz "Turco" e Nacid retruca "Não sou turco, sou italiano. Minha mãe era napolitana e meu pai árabe. Daí esse alguém diz "Pensei que fosse a mesma coisa" e novamente Nacid "Mas não é".

Já parou pra pensar nos comentários sobre o filme 127 horas ? E o mesmo em relação a Tropa de Elite? (Exemplifico com esses filmes porque também os vi hoje)

Eram coisas do tipo "Consegui ver quase o filme todo" em relação ao primeiro, ou "Bandido bom, é bandido morto" em relação ao segundo.

O que quero dizer é, a violência ou a nudez não deve ser afastada, mas não deve ser abusada como forma de atrair o mercado desinstruído.

Daí alguém diz "Pensei que fosse a mesma coisa". E eu digo "Mas não é".

Pense em Gabriela, em 1983 não havia internet desta forma, não havia televisão "fechada" de forma tão popular, não era comum, sequer, mais de um aparelho televisivo por residência. Existe uma profunda diferença entre um longa nesse contexto e uma novela transmitida pela rede de televisão mais "popular" hoje no país em horário que certamente crianças não estão dormindo.

E se estão, ou algum responsável sensato não permite que a criança assista, ela consegue rever tudo pela internet ou em comentários quase integrais dos episódios durante a tarde do dia seguinte pelas mesmas redes televisivas.

A erotização não é só um problema que prejudica as crianças, prejudica o conteúdo e a mensagem ideológica transmitida, empobrece a arte e a vende de modo a só se preocupar com a arrecadação financeira, em outros termos, a nudez e a violência é vendida.

É vendida e barata, porque os preços dessa erotização desmedida já é sentida, embora não percebida, enquanto os lucros financeiros são percebidos somente por poucos. 

Existiria equilíbrio, por exemplo, se a pessoa que assistisse Gabriela com Juliana Paes pelada na Globo se fosse capaz de ler o romance de Jorge Amado também.

É capaz de assistir Tropa de Elite, aquele que verdadeiramente compreende a mensagem e não sai por aí querendo matar qualquer "bandido", compreende a mensagem?

Proponho: a censura indicativa e instrutiva. A circulação de informações não pode ser centralizada, e o controle deve ser pessoal de cada cidadão, membro do povo, consciente e sensato, com capaz de discernir o que pretende ou não consumir, inclusive na questão artística que tem perdido tanto nos últimos tempos (e não é privilégio das telenovelas ou filmes, digo em tudo). 

Cumpramos nosso papel, cada um, instruído e crítico acerca das informações disponibilizadas a fim de que o verdadeiro poder de decisão seja nosso, quando cada um cumpra seu papel, principalmente naquilo que diz "Estado Democrático de Direito".

Equilíbrio, nem censura, nem vale-tudo. Chega de erotização e violência desmedida, há uma mensagem muito maior por trás disso, se não houver, é porque não vale a pena.

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