Não venho, cambaleante, afogar minhas mágoas em uma garrafa de escrita.
Também não tenho a intenção de me fazer de vítima, de recorrer a atos solidários ou implorar pela ajuda de um profissional qualificado que pudesse me diagnosticar com maior precisão.
Na verdade - se é que a verdade existe - não preciso ou talvez não queira que alguém venha me dizer algo que eu já estou certo:
Estou louco.
Não como alguns dizem estar após umas biritas.
Justo o contrário, antes. Algumas doses de uísque ou taças de vinho são tentativas desesperadas e sadicamente prazerosas de me encontrar em um estado que domino e conheço.
Não é o que ocorre na loucura. Vivo andando sobre cascas de ovos. Qualquer palavra sincera pode me custar a condenação a um hospício.
E não é de hoje. Só acho que as pessoas tem certo receio à loucura - não que ela exista, devo dizer!
Mas acontece que os lapsos criativos não existem mais. Meu corpo tem se parecido com uma prisão que brinca de quente e frio conforme o dia se arrasta.
12 horas de sono é muito ou pouco a depender de qual momento que se pensa.
De noite quero dia, e de dia quero noite. Como se depois de um banho frio, um banho de sol, uma boa dormida, eu fosse acordar e a sanidade estaria lá...Naquele lugarzinho escondido que preciso manter seguro para não a perder de vez.
Não existe "definitivamente" para um louco. Sequer posso dizer que tenho experimentado a insanidade. Afinal, que diagnóstico fodido seria este dado por um louco?