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segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Лайно!

Seu semblante, o rosto pálido revelaria somente duas possibilidades, padecia de doença ou profunda fadiga.

Os cabelos, encharcados em suor, contra o seu próprio reflexo na janela em que escorava, outro sinal de estado putrefato que se encontrava. Já havia algo como dez minutos, ou talvez já um par de horas sem nenhum movimento brusco.

Merda!

Seu frágil peito já não mais aguentaria. Tamanha aflição, tamanho desconforto, por completo, achacoso.

Inspira, expira...não mais sem esforços.

Vítima de si mesmo, seu coração apenas indica a proximidade do fim.

As manchas no carpete do chão, em seu casaco e onde mais tenha tocado não sairão facilmente. Talvez fosse preciso utilizar água oxigenada, mas como consequir esse produto para utilizar em tão elevada quantidade? Algo como litros. Não seria fácil.

Aliás, o cheiro de sangue misturava-se com o esgoto, corpo em decaimento, seguido pela liberação de gás carbonico e cadaverina e, como sempre, merda. Mas ainda não era a morte, não tal como se pode pensar.

A não ser que aquele ser vivo, estivesse, em verdade, morto. Como um morto-vivo.

Talvez fosse isso, embora os olhos abertos aparentemente buscassem uma direção, não expressavam mais nenhuma vida.

Seu celular toca. Um som irritante que indica falar com alguém sobre alguma futilidade. Nada demais. Nada que lhe fosse apresentar outra vida. Naquele momento atender aquele pedaço de obrigação lhe pareceu a coisa mais estúpida de toda sua vida. Não iria mover um músculo, gastar um último suspiro do resto de energia que resta em seu corpo para aquilo. Definitivamente não.

Ao contrário, algo que valeria muito a pena seria dar alguns tragos. Não importaria nenhuma recomendação-obrigatória científica com o intuito de preservar a vida, do trabalhador, da energia enecessária para a produção infindável.

Não somente os padeiros, bombeiros, eletricistas, agricultores, mas os loucos, os bandidos, os mendigos, mortos-vivos, dentre outros...outras forças. Aliás também os maridos e esposas, filhos e pais, mestres e aprendizes, felizes e tristes, bêbados e sóbrios, drogados e caretas. Como tudo pode ser tão custoso.

Seriam assim milhares de milhões de vidas. Inclusive aquela, que pareceria se despedir, no entanto, não só mais uma, mas o instrumento, a ótica sob qual tudo poderia existir e talvez fazer sentido. Aquela. A dele. E só fique dito "talvez", "talvez fazer sentido".

Merda! Nem mesmo um trago. Merda!